quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O complicado de viver é somente viver...


Viver é só mais uma arte criada por deus, mais uma das aventuras da natureza. De princípio, viver parece ser uma coisa tão normal como tomar um sorvete no verão, como beber o chá de boldo da vovó quando se está gripado. Viver, isso deveria ser uma tarefa mais fácil do que acordar todos os dias pela manhã. Deveria ser mais simples do que aprender a escrever corretamente. 

Viver não é apenas seguir a sua rotina, ou não segui-la, viver não é ser certinho ou loucamente variado. Por que viver não é normal. Um dia você pode estar vivo, e no outro, você já sabe...
Pode ser engraçado falar da vida, porque a vida nos leva para um fim que ninguém espera, na real, cada dia, não é um há mais para contar sobre a nossa idade, mas sim, um há menos para contar da nossa vida. É irônico viver, e dizer a verdade. 
Viver é como escrever esse texto, parece que foi uma tarefa simples, mas eu tive que pensar em que palavras usaria.
Mas viver é sim, aproveitar, ou não, fazer as mesmas escolhas erradas, ou escolher coisas diferentes que podem ser a melhor opção. Ninguém pode explicar como é viver, porque para cada indivíduo é uma arte diferente...

sábado, 27 de julho de 2013

Capitão Gancho

Clarice Falcão
Se não fossem as minhas malas cheias de memórias
Ou aquela história que faz mais de um ano
Não fossem os danos
Não seria eu

Se não fossem as minhas tias com todos os mimos
Ou se eu menino fosse mais amado
Se não desse errado
Não seria eu

Se o fato é que eu sou muito do seu desagrado
Não quero ser chato
Mas vou ser honesto
Eu não sei o que você tem contra mim

Você pode tentar por horas me deixar culpado
Mas vai dar errado
Já que foi o resto da vida inteira que me fez assim

Se não fossem os ais
E não fosse a dor
E essa mania de lembrar tudo feito um gravador
Se não fosse Deus
Bancando o escritor

Se não fosse o Mickey e as terças-feiras
e os ursos pandas e o andar de cima da
primeira casa em que eu morei
e dava pra chegar no morro só pela varanda se
não fosse a fome e essas crianças e esse cachorro
e o Sancho Pança se não fosse o
Koni e o Capitão Gancho
Eu não seria eu.



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Eu vejo pessoas dançando nas raves

Vejo todas as felizes, e também, vejo pessoas misturando sua química, em alguns cantos, algumas dessas pessoas, vão sentir falta dessa química horas depois, outras, vão desejar nunca mais lembrar o que aconteceu. Eu vejo também, pessoas com um astral diferente, é um tipo de desejo mais profundo, uma aura astral, a gente consegue vê-las dançando de alegria, de desejo, como a cor do fogo da paixão. É como se já estivesse encontrado sua outra metade astral, é como se nós sentíssemos toda a positividade emitida por elas, e isso às vezes é tão forte, tão forte, que acaba por nos contagiar, e alegra, e alegra.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Contento

De acordo a todas as coisas que planejei até hoje. As quais nenhuma deu certo, todas as tentativas de felicidade que foram frustradas: 
Certo dia, a beira de um colapso alcóolico (talvez imaginário, não me recordo), surge de um lugar distante, realmente distante, aquela, vulgo o nome é "felicidade"... Não que haja algo de tão maravilhoso em encontrá-la, mas quem nunca a esperou? Que nunca a desejou tela em si? 

Contemple, complete, viva, fuja, corra por milhas se necessário for, mas viva para si, se surpreenda, sem perder a magia das coisas lindas da vida.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Gato gato gato

Familiar aos cacos de vidro inofensivos, o gato caminhava molengamente por cima do muro. O menino ia erguer-se, apanhar um graveto, respirar o hálito fresco do porão. Sua úmida penumbra. Mas a presença do gato. O gato, que parou indeciso, o rabo na pachorra de uma quase interrogação. 

Luminoso sol a pino e o imenso céu azul, calado, sobre o quintal. O menino pactuando com a mudez de tudo em torno — árvores, bichos, coisas. Captando o inarticulado segredo das coisas. Inventando um ser sozinho, na tontura de imaginações espontâneas como um gás que se desprende.

Gato — leu no silêncio da própria boca. Na palavra não cabe o gato, toda a verdade de um gato. Aquele ali, ocioso, lento, emoliente — em cima do muro. As coisas aceitam a incompreensão de um nome que não está cheio delas. Mas bicho, carece nomear direito: como rinoceronte, ou girafa se tivesse mais uma sílaba para caber o pescoço comprido. Girafa, girafa. Gatimonha, gatimanho. Falta um nome completo, felinoso e peludo, ronronante de astúcias adormecidas. O pisa-macio, as duas bandas de um gato. Pezinhos de um lado, pezinhos de outro, leve, bem de leve para não machucar o silêncio de feltro nas mãos enluvadas.

O pêlo do gato para alisar. Limpinho, o quente contato da mão no dorso, corcoveante e nodoso à carícia. O lânguido sono de morfinômano. O marzinho de leite no pires e a língua secreta, ágil. A ninhada de gatos, os vacilantes filhotes de olhos cerrados. O novelo, a bola de papel — o menino e o gato brincando. Gato lúdico. O gatorro, mais felino do que o cachorro é canino. Gato persa, gatochim — o espirro do gato de olhos orientais. Gato de botas, as aristocráticas pantufas do gato. A manha do gato, gatimanha: teve uma gata miolenta em segredo chamada Alemanha.

Em cima do muro, o gato recebeu o aviso da presença do menino. Ondulou de mansinho alguns passos denunciados apenas na branda alavanca das ancas. Passos irreais, em cima do muro eriçado de cacos de vidro. E o menino songamonga, quietinho, conspirando no quintal, acomodado com o silêncio de todas as coisas. No se olharem, o menino suspendeu a respiração, ameaçando de asfixia tudo que em torno dele com ele respirava, num só sistema pulmonar. O translúcido manto de calma sobre o claustro dos quintais. O coração do menino batendo baixinho. O gato olhando o menino vegetalmente nascendo do chão, como árvore desarmada e inofensiva. A insciência, a inocência dos vegetais.

O ar de enfado, de sabe-tudo do gato: a linha da boca imperceptível, os bigodes pontudos, tensos por hábito. As orelhas acústicas. O rabo desmanchado, mas alerta como um leme. O pequeno focinho úmido embutido na cara séria e grave. A tona dos olhos reverberando como laguinhos ao sol. Nenhum movimento na estátua viva de um gato. Garras e presas remotas, antigas.

Menino e gato ronronando em harmonia com a pudica intimidade do quintal. Muro, menino, cacos de vidro, gato, árvores, sol e céu azul: o milagre da comunicação perfeita. A comunhão dentro de um mesmo barco. O que existe aqui, agora, lado a lado, navegando. A confidência essencial prestes a exalar, e sempre adiada. E nunca. O gato, o menino, as coisas: a vida túmida e solidária. O teimoso segredo sem fala possível. Do muro ao menino, da pedra ao gato: como a árvore e a sombra da árvore.

O gato olhou amarelo o menino. O susto de dois seres que se agridem só por se defenderem. Por existirem e, não sendo um, se esquivarem. Quatro olhos luminosos — e todas as coisas opacas por testemunha. O estúpido muro coroado de cacos de vidro. O menino sentado, tramando uma posição mais prática. O gato de pé, vigilantemente quadrúpede e, no equilíbrio atento, a centelha felina. Seu íntimo compromisso de astúcia.

O menino desmanchou o desejo de qualquer gesto. Gaturufo, inventou o menino, numa traiçoeira tentativa de aliança e amizade. O gato, organizado para a fuga, indagava. Repelia. Interrogava o momento da ruptura — como um toque que desperta da hipnose. Deu três passos de veludo e parou, retesando as patas traseiras, as patas dianteiras na iminência de um bote para onde? Um salto acrobático sobre um rato atávico, inexistente.

Por um momento, foi como se o céu desabasse de seu azul: duas rolinhas desceram vertiginosas até o chão. Beliscaram levianas um grãozinho de nada e de novo cortaram o ar excitadas,'para longe.

O menino forcejando por nomear o gato, por decifrá-lo. O gato mais igual a todos os gatos do que a si mesmo. Impossível qualquer intercâmbio: gato e menino não cabem num só quintal. Um muro permanente entre o menino e o gato. Entre todos os seres emparedados, o muro. A divisa, o limite. O odioso mundo de fora do menino, indecifrável. Tudo que não é o menino, tudo que é inimigo.

Nenhum rumor de asas, todas fechadas. Nenhum rumor.

Ah, o estilingue distante — suspira o menino no seu mais oculto silêncio. E o gato consulta com a língua as presas esquecidas, mas afiadas. Todos os músculos a postos, eletrizados. As garras despertas unhando o muro entre dois abismos.

O gato, o alvo: a pedrada passou assobiando pela crista do muro. O gato correu elástico e cauteloso, estacou um segundo e despencou-se do outro lado, sobre o quintal vizinho. Inatingível às pedras e ao perigoso desafio de dois seres a se medirem, sumiu por baixo da parreira espapaçada ao sol.

O tiro ao alvo sem alvo. A pedrada sem o gato. Como um soco no ar: a violência que não conclui, que se perde no vácuo. De cima do muro, o menino devassa o quintal vizinho. A obsedante presença de um gato ausente. Na imensa prisão do céu azul, flutuam distantes as manchas pretas dos urubus. O bailado das asas soltas ao sabor dos ventos das alturas.

O menino pisou com o calcanhar a procissão de formigas atarantadas. Só então percebeu que lhe escorria do joelho esfolado um filete de sangue. Saiu manquitolando pelo portão, ganhou o patiozinho do fundo da casa. A sola dos pés nas pedras lisas e quentes. À passagem do menino, uma galinha sacudiu no ar parado a sua algazarra histérica.

A casa sem aparente presença humana.

Agarrou-se à janela, escalou o primeiro muro, o segundo, e alcançou o telhado. Andava descalço sobre o limo escorregadio das telhas escuras, retendo o enfadonho peso do corpo como quem segura a respiração. O refúgio debaixo da caixa-d'água, a fresca acolhida da sombra. Na caixa, a água gorgolejante numa golfada de ar. Afastou o tijolo da coluna e enfiou a mão: bolas de gude, o canivete roubado, dois caramujos com as lesmas salgadas na véspera. O mistério. Pessoal, vedado aos outros. Uma pratinha azinhavrada, o ainda perfume da caixa de sabonete. A estampa de São José, lembrança da Primeira Comunhão.

Apoiado nos cotovelos, o menino apanhou uma joaninha que se encolheu, hermética. A joaninha indevassável, na palma da mão. E o súbito silêncio da caixa-d'água, farta, sua sede saciada.

Do outro lado da cidade, partiram solenes quatro badaladas no relógio da Matriz. O menino olhou a esfera indiferente do céu azul, sem nuvens. O mundo é redondo, Deus é redondo, todo segredo é redondo.

As casas escarrapachadas, dando-se as costas, os quintais se repetindo na modorra da mesma tarde sem data.

Até que localizou embaixo, enrodilhado à sombra, junto do tanque: um gato. Dormindo, a cara escondida entre as patas, a cauda invisível. Amarelo, manchado de branco de um lado da cabeça: era um gato. Na sua mira. Em cima do muro ou dormindo, rajado ou amarelo, todos os gatos, hoje ou amanhã, são o mesmo gato. O gato-eterno.

O menino apanhou o tijolo com que vedava a entrada do mistério. Lá embaixo — alvo fácil — o gato dormia inocente a sua sesta ociosa. Acertar pendularmente na cabeça mal adivinhada na pequena trouxa felina, arfante. Gato, gato, gato: lento bicho sonolento, a decifrar ou a acordar?

A matar. O tijolo partiu certeiro e desmanchou com estrondo a tranqüila rodilha do gato. As silenciosas patinhas enluvadas se descompassaram no susto, na surpresa do ataque gratuito, no estertor da morte. A morte inesperada. A elegância desfeita, o gato convulso contorcendo as patas, demolida a sua arquitetura. Os sete fôlegos vencidos pela brutal desarmonia da morte. A cabeça de súbito esmigalhada, suja de sangue e tijolo. As presas inúteis, à mostra na boca entreaberta. O gato fora do gato, somente o corpo do gato. A imobilidade sem a viva presença imóvel do sono. O gato sem o que nele é gato. A morte, que é ausência de gato no gato. Gato — coisa entre as coisas. Gato a esquecer, talvez a enterrar. A apodrecer.

O silêncio da tarde invariável. O intransponível muro entre o menino e tudo que não é o menino. A cidade, as casas, os quintais, a densa copa da mangueira de folhas avermelhadas. O inatingível céu azul.

Em cima do muro, indiferente aos cacos de vidro, um gato — outro gato, o sempre gato — transportava para a casa vizinha o tédio de um mundo impenetrável. O vento quente que desgrenhou o mormaço trouxe de longe, de outros quintais, o vitorioso canto de um galo.
 
Otto Lara Resende

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Imagine

Imagine se todas as pessoas vivessem em paz no mundo, 
Imagine se cada pessoa cuidasse mais da sua vida,
Imagine se assim fossemos mais felizes.
Imagine se todas as pessoas vivessem em paz no mundo, 
Imagine que se viver sozinho não seria a sua melhor escolha, 
Imagine um mundo onde se pudesse correr ao vento, 
Gritar, pular, viver.
Imagine todos os dias acordar feliz,
Imagine todos os dias acordar amando,
Imagine se o hoje fosse sempre melhor que o ontem.

Adaptação Rodrigo Dietrich

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Se eu estiver triste

Eu fiquei meio triste, mais um dia eu prometi pra mim mesmo, que eu não iria me decepcionar novamente, e sinceramente, muitos desses acontecimentos, não merecem se quer, nenhuma gota das minhas lagrimas. Talvez, eu fique triste em alguns momentos, mais pra falar a verdade, eu já estou triste, a beira de um abismo, sem vento, sem maresia, se for pra eu cair em um mar, do amor? Quem decide se vai cair vai ser eu mesmo, e essa com toda certeza não será por enquanto, a minha escolha. Eu vou ficar pensando, lendo e escrevendo, por um bom tempo, essa passará a ser a minha rotina, por que não mais vou estar em você, toda hora, todo momento, lembrando das coisas boas, que vivemos, e criando na minha imaginação, o nosso mundo quase perfeito, que nunca mais vai acontecer... Lágrimas? Quem os disse um dia que não devíamos chorar, ao menos as lagrimas lavam o que a gente sente, sem precisarmos pedir a elas...

sábado, 30 de março de 2013

The Deathly Hallows

“Uma vez três irmãos estavam viajando por uma rua deserta no crepúsculo. Em tempo os irmãos acharam um rio muito fundo e muito perigoso para atravessar a nado. Contudo, esses irmãos haviam aprendido as artes mágicas, e quando eles simplesmente acenaram suas varinhas, uma ponte apareceu acima da água em revolta. Eles estavam na metade do caminho quando perceberam que a ponte estava bloqueada por uma figura encapuzada. E a Morte falou com eles. Ela estava brava, pois tinha sido enganada por suas três novas vítimas, que tiraram dela os viajantes que morriam no rio. Mas a Morte, que era traiçoeira resolveu presentear os três irmãos por sua mágica e disse que cada um deveria pedir um prêmio por ser mais esperto que ela. Assim, o irmão mais velho pediu a varinha mais poderosa que existisse, uma varinhaque sempre ganhasse os duelos para seu dono, uma varinha digna do bruxo que derrotou a Morte. Então a Morte foi até uma árvore, voltou e entregou a varinha para o irmão mais velho. O segundo irmão, que era um homem arrogante, decidiu que ele ia humilhar a Morte até onde pudesse, e então pediu o poder de trazer pessoas de volta à vida. A Morte pegou uma pedra próxima ao rio e disse que com ela ele teria o poder de trazer pessoas da morte para a vida. E então a Morte perguntou ao irmão mais novo o que ele queria, e ele que era o mais sábio e humilde, não confiava na Morte. Então ele pediu alguma coisa que o fizesse deixar o lugar sem ser seguido pela morte. E ela, contra a sua vontade, deu a ele sua própria capa de invisibilidade. Então a Morte ficou parada e deixou os três irmãos continuarem seus caminhos, e eles seguiram conversando sobre a aventura e os presentes da Morte. Então eles se separaram e cada um foi por um lado. O primeiro viajou por mais uma semana e encontrando um vilarejo distante desafiou um bruxo com quem tinha uma desavença. Naturalmente, com a Primeira Varinha como sua arma não haveria como perder o duelo que se seguiu. Deixando seu inimigo morto no chão, o irmão mais velho seguiu para uma estalagem, onde ele se gabou da poderosa varinha que ele roubou da Morte, e como ela o fazia invencível. Uma noite, outro bruxo o pegou desprevenido, bêbado e deitado. O ladrão pegou a varinha e cortou a garganta do irmão mais velho. Assim a Morte pegou o primeiro irmão. Enquanto isso o segundo irmão viajou até sua própria casa, onde ele vivia sozinho. Então ele pegou a pedra que tinha o poder de trazer os mortos, segurou firme em sua mão e para se assombro e delírio, a figura de uma garota que ele tinha tido a esperança de casar, antes de sua morte repentina apareceu a sua frente. Ela estava fria e triste separada dele como por um véu. Ela tinha retornado ao mundo dos vivos, mas não pertencia a ele e sofria. Finalmente o segundo irmão ficou louco e se matou para poder de fato ficar com ela. E assim a Morte pegou o segundo irmão. Mas mesmo a Morte tendo procurado pelo terceiro irmão por muitos anos, ela nunca o achou. Até que finalmente, em idade avançada, o irmão mais novo deu a capa de invisibilidade a seu filho. E cumprimentou a Morte como um velho amigo, e foi até ela feliz, assim como fez em toda a sua vida.”
Por J.K. Rowling